Hoje acordei determinado a começar a arrumar as malas. Minha mãe até estranhou eu me preocupar com isso sendo que estamos há 4 dias da minha partida e eu costumo mesmo é arrumar as coisas na véspera.
Em meio há roupas, livros, cadernos, mochilas, presentes e fotos, havia uma folha avulsa. Era uma folha de caderno com coraçõezinhos na margem, coisa de alguém do colégio eu pensei. Eu desdobro a folha em êxtase misturado a desespero para desvendar do que se tratava, e encontro uma carta escrita por uma amiga e ex-colega de classe. A data, 14/12/2011, é do meu último dia de aula na Universidade.
Ao ler a mensagem, revivi muitos momentos que guardo no coração em um lugar tão especial que às vezes não consigo encontrá-los. Não que eles sejam substituídos por outros, mas vêm à tona apenas quando preciso me lembrar de onde eu vim, como cheguei até aqui e pra onde quero ir. Então hoje, 29/08/2013, eu me sinto com a mesma vontade de sair e ganhar o mundo que tinha ao terminar meus estudos. Sinto que a coragem e garra ainda correm minhas veias.
Mais do que uma carta, as palavras naquela folha de papel me despertaram e fizeram entender um pouco mais dessa coisa chamada vida. É incrível como uma carta escrita em 2011 se tornou atemporal. A mensagem fez sentido há dois anos, e faz sentido no exato presente. Por alguma razão ela me escreveu aquilo e por alguma outra razão eu me deparei com a carta novamente hoje. O fato de ser atemporal reside em reduzir o tempo a pó. Passam-se 5 anos e você sente que foi ontem, passarão outros 5 e você ainda vai se perguntar “mas faz tanto tempo assim?”. Tempo é nada, o que fica são palavras, momentos, memórias. Ah, e bons amigos.
Eu que sempre fui de escrever cartas, sou melhor escrevendo meus sentimentos do que falando sobre eles, fiquei me perguntando se algum dos meus destinatários já encontrou um recadinho meu e passou pela mesma viagem no tempo.
Escrever não me cansa as mãos, muito menos o coração. E eu que levo apenas 24 anos e 7 meses escrevendo esse romance que chamo de vida.