Arquivo mensal: outubro 2012

Salve Jorge- crítica

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Merhaba kankas! (já faz tempo que não uso essa saudação =/)

Depois de ver tantos comentários no facebook e acompanhar algumas coisas pelo twitter, decidi ver qual é dessa novela da Gloria Peres sobre a Turquia mesmo antes de acabar Avenida Brasil. Fui muito fanzoca de O clone e Caminha das Indias, mas agora é diferente porque já morei no país onde a novela se passa e estava muito curioso pra saber como ela retrataria um país tão bonito e de cultura tão exótica como a Turquia.

Primeiro devo dizer do fundo do meu coração que: Gloria Peres eu te amo, mas os 3 primeiros episódios tão bem sofridos. Não só a parte da Turquia, que to achando até legal, mas os atores em geral tão deixando a desejar. Talvez seja porque ainda há muita comparação com Avenida Brasil, ou talvez por Glorinha gostar de repetir elenco e trama. Mas vamos analisar algumas coisas.  Antes só queria lembrá-los de que morei em Antalya e tive contato com a cultura turca por meio de alunos, amigos da AIESEC e da família de alguns, mas infelizmente não fiquei tempo suficiente pra realmente mergulhar na cultura do país e passar muitas das fases do choque cultural.

A primeira cena da novela já foi um pouco forte, ceis também não acharam? Bom, além de já começar falando de prostituição, devo dizer que isso revela um pouco da cultura turca (infelizmente). Durante as minhas aulas na Turquia, eu costumava questionar meus alunos sobre diversos temas, tentar fazer com que a cultura deles se fizesse presente nas aulas a partir de pontos de vista, argumentos em discussões, etc. Alguns dos meus alunos de 22 ou 23 anos já era casada e tinha filhos. Pasmem, alguns achavam que tinham casado tarde. Mas o ponto aqui é que ouvi de muitos deles que suas esposas não trabalhavam e que deviam apenas cuidar da casa e do filho. Da mesma forma, sexo com elas era mais pra procriação mesmo e que por diversão…bom não preciso dizer mais nada. Esses assuntos sempre vinham à tona quando me perguntavam das mulheres brasileiras e então sempre citavam Adriana Lima (uma deusa pra eles porque fazia propaganda de uma marca de roupa).

Pela roupa que a morena estava me lembrei das odaliscas. As bailarinas de dança do ventre são consideradas strippers e durante os shows (na maioria das vezes para turistas) os homens colocam notas de dinheiro na alça do sutiã. Nenhum pai quer ver a filha virando odalisca ALLAH ALLAH.

Falando de Allah Allah, já to vendo quais serão os novos bordões. Até agora eu ouvi (com uma pronuncia péssima): çok guzel, mashallah, allah allah, sherefe, gule gule, hadi, tamam, yok. Gente, vamo combina que quando alguém chama a Britney de ‘Britchinei’ ceis fikam loka da xereca, nada mais justo que falar as palavrinhas certinho poxa! Alem do mais a entonação tá cagada. Allah allah, por exemplo, é algo como “Ai meu Deus do céu”, usado para reprovação ou demonstrar preocupação. O Mustafá quando fala isso soa muito feliz. E gule gule se diz ‘gulé gulé ‘ assim como nargile ‘narguilé’.

Outra característica turca que já ficou clara nos primeiros capítulos foi a habilidade para o comércio. Mustafa é ambicioso, quer expandir os negócios e sabe defender a qualidade dos seus produtos. Engraçado mesmo foi a cena no Gran Bazar que o vendedor falou com os brasileiros e depois em inglês com outros fregueses. Aí o Mustafa disse: “Agora ele tem primos em Nova York”. Ou seja, sim conseguem vender um picolé no Alaska.

Da mesma cena vieram as coisas que os turcos conhecem do Brasil (faltou Adriana Lima). “Ronaldinho, Copacabana, Bahia, ai se eu te pego…” Eu não ouvia falar muito da Bahia, mas em compensação o ai se eu te pego…

Algo que senti falta nos cenários foram as fotos do Ataturk. Allah no céu e Ataturk na Terra (muitos não aceitam a sua morte, ou se aceitam já o adoram como um Deus). Na verdade essa devoção toda é porque de fato o cara revolucionou o país e é por causa dele que a Turquia está onde esta (pronta pra entrar na zona do euro há mais de 10 anos). Ele fundou e foi o primeiro presidente da Republica d Turquia. Assim, todos os turcos tem camisetas com seu nome, fotos e quadros espalhados por todos os lugares (já vi até no banheiro) e muitas estatuas (cheguei a ver uma gigante esculpida numa pedra tipo aquela que tem nos States). Muitos tem ele na foto do perfil do facebook. Nos episódios que eu vi, só apareceu uma foto dele na loja do Mustafa.

A Mariana Rios foi visitar um Turkish Hamami. É tipo um SPA, assim mesmo como mostraram. Claro que aquele era um Hamami de luxo e os turcos não vão fazer esfoliação toda semana como disse a outra menina, filha do Mustafa. Seria bom se fossem, já que não tomam banho todos os dias. Akela esfoliação dói mesmo e o pessoal não tem dó. Vai pegando braço, perna e esfregando. É engraçado até. Ainda no núcleo jovem, uma cena mostrou as meninas fumando nargile num pub. Isso pode ter, só que mais em Istambul. Porque nos lounges que eu fui para fumar nargile, só homens podiam entrar. Mas Istambul é uma cidade bem diferente das outras. Não sei se foi uma boa ideia usa-la como cenário, já que é uma cidade muito cosmopolita e assim sem muita identidade turca, assim como qualquer outra grande cidade e apesar de a cidade ser pura história. Mas em O clone a cidade era Fez se não me engano, que é a capital dos negócios no Marrocos, então Gloria Peres deve ta seguindo uma lógica.

Minhas primeiras impressões da novela são boas, apesar da atuação fraca. A trama sem muitos mistérios e provavelmente sem um final surpreendente. Porém, Gloria Peres com certeza vai abordar temas polêmicos e fazer o papel social que as novelas têm no Brasil, de abrir espaço para discussão. E me encanta que a cultura turca seja o epicentro destas discussões, porque a Turquia é um país incrível. Espero que vocês entendam o porquê por meio da novela, se não, visitem a terra de Allah. Sem contar que aprendendo mais sobre os outros povos aprendemos mais sobre nós mesmo e sobre o nosso país. Eu, por exemplo, nem sabia que no morro do Alemão tinha teleférico como os das favelas colombianas. Vou continuar assistindo e se me der vontade posso postar mais comentários aki. Gostaria muito que Gloria Peres mostrasse o valor das refeições com a família reunida, o quão precioso é o alimento para eles. E mais do que isso, mostrar o que realmente é amar futebol e ser fanático por um esporte num país que não tem tradição, mas onde os jogadores jogam com raça sem pensar na conta bancária.

Gurushurus kendine iyi bak, kankas!

Feriado a la Huancaína

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Semana passada tivemos um feriado prolongado forçado aqui em Lima. Uma reunião entre os presidentes sul-americanos e árabes fez com que o governo desse dois dias de folga pra galera vazar da cidade e deixar eles em paz. Como não se tratava de um feriado oficial, eu nem tinha feito planos de viagem com as minhas roomies, deixamos tudo pra última hora. Queríamos muito ir à Piura, no litoral norte, mas aqui no Peru todas as passagens tem que ser compradas com antecedência se não esgotam ou ficam absurdamente caras. No meio de tanta indecisão, a Dani, uma amiga nossa membro da AIESEC, nos convidou pra ir pra casa da sua família em Huancayo. Corri pro Google pesquisar. Resultado: montanha, vales, cidade de interior, pequena, pacata e chuvosa. Pra quem ia passar o feriado em Piura, ir a Huancayo não parecia uma boa saída, mas era melhor do que ficar em Lima.

Para ir, tomamos um ônibus informal. Eles chamam assim os ônibus que não são de companhias conhecidas e seguras, como se fossem excursões. Pagamos 30 soles pela passagem de ida, que nos custaria 70 com uma companhia formal. A viagem foi longa e cansativa, mas chegamos ao destino final. Fomos a uma pizzaria bem pertinho do centro e da casa da Dani. Voltamos pra casa dela e descansamos um pouco para agüentar a balada.

Dani cresceu na cidadecom todos seus primos, então passávamos na rua e as pessoas a cumprimentavam, perguntavam do seu pai, irmãos, etc. Eu me lembrei muito de Tabatinga nesta viagem.  O primo da Dani, Francisco, passou nos pegar no sábado e decidimos fazer um Pub Crawl. Primeira parada foi num salão de baile para tomar ‘calientitos’. A bebida é feita de pisco quente, suco de laranja e mel. Tem gosto de vinho quente ou quentão. Eu não sou muito fã, mas fazia frio e a bebida ajudou. O lugar era bem simples, como toda a cidade, mas a alegria das pessoas dançando e festando era linda demais e contagiante. Huancayo fica na serra central peruana, os bailes e alimentação são bem típicos. De lá fomos para uma balada. A ideia era ir para duas baladas, mas como era sábado e já estava tarde, as baladas estavam muito lotadas. ATENÇÃO: a capacidade máxima dos lugares era de 150 pessoas!!!!! Então eu, Leah e Goska tivemos que usar todo nosso charme gringo para colocar a galera pra dentro da festa. Cobraram 5 soles a mais da gente, mas também ganhamos uma cerveja a mais. A festa tava legal, mas como durante toda a viagem, éramos os gringos por onde passávamos, todos olhavam e reparavam. Fim de festa e bateu aquela larica néh. Só que numa cidade como Huancayo, o comércio não fica aberto até de madrugada. Saímos pela rua feito zumbis de tanta fome. Só tinha sopa e caldos. CEIS ME FALAM QUE QUE EU FAÇO COM SOPA COM A FOME QUE EU TAVA! Nem se eu tomasse 5 litros de sopa minha fome ia passar. O pior era eles me falando que nunca comem depois de festas. SDDS LANCHE DO PELICANO/CACHORRO QUENTE DA PATRÍCIA! Depois de muito procurar, achamos um carrinho que chamam de ‘agachados’ porque geralmente não tem onde sentar. Comemos lomo saltado quase 5 da manhã hahahaha.

Domingo acordamos tarde, mas eu acordava e dormia, acordava e dormia porque o sol que entrava pela janela já dava uma prévia de quão quente seria o dia. Fomos tomar suco e comer pão com queijo no mercado municipal. No caminho, crianças correndo e brincando pela rua, outras pedindo esmola. O sol muito forte, céu azul. Depois do mercado fomos à feira de rua. Queria pastel e caldo de cana, só tinha artesanato e alpaca (roupa) #chatiadezimo. No fim da feira já não tinha mais sol. O tempo fechou muito rápido e começou a garoar. Voltamos pra casa.

Cansados de andar o dia todo, decidimos nem sair. Fomos a um parque comer picarones (que parece bolinho de chuva) e depois assistimos um filme os quatro juntos.

Na segunda, outro primo da Dani passou nos pegar de carro para conhecer áreas mais isoladas, perto das montanhas. Fomos para Ingenio, Ocopa, Concepción e para o ponto mais alto de Huancayo observar a cidade.

A paisagem era espetacular. Andar pelas estradas das montanhas dava medo e uma sensação de liberdade ao mesmo tempo. Olhar pra trás e para baixo nos fazia sentir os 3 mil metros de altitude da cidade na pele. Fizemos caminhada seguindo o curso de um rio, visitamos igrejas bem afastadas, paramos para comer truta frita num restaurante campestre e vimos o sol baixando por detrás das montanhas. LINDO!

Mais uma vez fui surpreendido no Peru. Eu não esperava nada de Huancayo e por fim foram 3 dias bem divertidos. Eu precisava passar um tempo longe da loucura que é Lima, acordar porque não tinha mais sono e não porque o despertador tava tocando, ver gente que mesmo humilde e com problemas não tira o sorriso do rosto. Uma senhora nos perguntou de onde éramos e por que estávamos no Peru. No final da conversa ela disse: “Fico muito feliz por vocês estarem no meu país. Que vocês se divirtam muito aqui”. DÁ UM ABRAÇO AQUI, TIA!!!!!

Essas coisas que o mastercard não pode comprar realmente fazem uma diferença enorme. Quarta começou tudo de novo. A mesma correria pra lá e pra cá que tá me deixando sem tempo de escrever. Sorte que hoje é domingo e amanhã temos outro feriado =] AMO/SOU. Hoje a noite chega a Joanna, minha nova irmãzinha da Polônia que vai trabalhar comigo e com a Goska. Nos vemos, chicos!